Por que a Argentina?
REPRODUÇÃO
Por Amanda Borba
Olá, caríssimos leitores!
Muitos devem estar estranhando o título do post. Mas calma, eu vou explicar.
Quem acompanha o blog já deve saber que torço pela seleção argentina, mesmo sendo brasileira.
O fato é que muita gente se surpreende quando toma conhecimento desta minha predileção e sempre acabo escutando a mesma coisa: “Mais justamente a Argentina? Você não é patriota! Eu sou brasileiro e torço pelo Brasil sempre".
E sempre que escuto isso me dá uma preguiça enorme em responder. Parece que estou escutando o slogan da ditadura “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Por isso resolvi escrever sobre isso.
Além de torcer pela Argentina, também tenho muito simpatia pela seleção italiana e pela seleção uruguaia. Mas nada que se compare a minha admiração pelo futebol argentino.
Eu torço pela Albiceleste desde os 11 anos de idade. Antes, confesso, eu a detestava. Estava totalmente influenciada por aquela “rivalidade” propagada pela mídia e principalmente pelo chato do Galvão Bueno. Ainda hoje vemos isso em propagandas de cerveja durante a Copa do Mundo. Patético.
Bom, naquela época uma das coisas que mais me aborrecia era ver que, na maioria das vezes, o Brasil perdia para a Argentina. Perdia no Sub-20, perdia para a seleção principal e nas competições sul-americanas os times argentinos arrebentavam os clubes brasileiros.
Para completar, meu pai sempre torceu pela seleção argentina. Tanto que ele não torce por nenhum clube brasileiro. Sua simpatia clubística é voltada para o Independiente de Avellaneda e para o Boca Juniors.
Além disso, meu pai sempre foi um admirador do estilo “toco y me voy” e que hoje ele identifica perfeitamente no jeito de jogar do Barcelona. Com muito entusiasmo, o meu velho continua discorrendo sobre times históricos e grandes jogadores argentinos.
Com tanta influência ao meu redor, não resisti. Meu ódio foi se transformando em amor, em admiração. No início tinha vergonha em falar que gostava da Argentina, mas depois não deu mais pra segurar.
E lembro perfeitamente o dia em que me tornei oficialmente torcedora da Albiceleste. Foi num amistoso entre Brasil e Argentina, no Maracanã, em 1998. A Argentina venceu o Brasil por um a zero, gol de Cláudio Lopez. Uma parte do estádio aplaudiu e a outra parte se calou. Pra mim foi o mesmo que estar no paraíso. Comemorei demais.
Outra grande responsável por esta troca foi a geração de Batistuta, Ortega, Verón, Redondo, Sorín e Simeone. A técnica e a raça argentina me encantavam. Nunca consegui gostar e me identificar com jogadores como Ronaldo, Romário, Cafú, Roberto Carlos e tantos outros. A única exceção era o Rivaldo, que, para mim, sempre foi um cracaço e o jogador mais importante da seleção brasileira nos últimos anos. Seu futebol sempre me encheu os olhos.
Pouco tempo depois, fui arrebatada pelo belo futebol do Boca Juniors de Carlos Bianchi. Durante os anos 2000, eu assisti, admirada, o Boca dar um show de bola no Palmeiras, no Santos, no Cruzeiro, no Grêmio, no Inter e até mesmo no meu São Paulo. Era demais.
O fato da mídia brasileira e da pachecada sempre achar que somos os melhores de todos e que quando o Brasil perde é porque jogou mal ou então porque aconteceu alguma maracutaia, além de desmerecer sempre o adversário, também me irrita profundamente.
Acho que a minha geração, que viu o Brasil chegar a três finais de Copas do Mundo, vencendo duas e ganhando com mais frequência a Copa América e outros torneios, está muito mal acostumada.
Essa geração teve a “sorte” de não ver o jejum de 24 anos da seleção brasileira em mundiais. Aliás, esse jejum também colaborou com o fato de Ayrton Senna ter se tornado o maior ídolo esportivo deste país. Mas essa idolatria toda com o Senna também têm outros fatores. Outro dia comento mais sobre isso.
Até aqui acho que ficou claro o motivo de minha torcida pela Argentina.
Sobre o fato de ser patriota, digo que sou terráquea antes de qualquer coisa. Não é porque eu torço pela seleção de FUTEBOL de outro país que detesto o Brasil. Pelo contrário, eu amo o país em que eu nasci, gosto muito da diversidade cultural brasileira e de suas belezas naturais. O Brasil tem muita coisa legal. Porém, infelizmente, também existem situações que eu detesto demais.
Ser patriota é ser de fato um cidadão brasileiro. É ajudar o seu país a ser cada vez melhor. É defender os avanços sociais, políticos, culturais e os direitos humanos.
Ser patriota não é somente torcer por uma seleção de futebol, vestir verde e amarelo em época de Copa do Mundo e odiar tudo que esteja relacionado à outra nação. Isso se chama patriotada.
Também não acho que tal país é melhor que o outro. Cada um com suas peculiaridades. Gente bacana e gente imbecil nós encontramos em todos os lugares deste planeta.
Pra mim, o futebol é como a música, é universal. Não vou deixar de gostar do futebol do Maradona, do Zidane, do Messi só porque eles não são brasileiros. Também não sou obrigada a achar que o Pelé é o “rei” do futebol só porque eu sou brasileira. Pra mim ele não é e ponto.
Infelizmente, o futebol argentino anda caindo pelas tabelas. Apesar de continuar mostrando grandes talentos ao futebol mundial, não apresenta mais aquele belo toque de bola e sua envolvente troca de passes. A “raça argentina” também não é mais a mesma de outros tempos. E me entristeço ainda mais com o fato da geração que me encantou não ter conquistado nenhum título mundial.
Com a globalização do futebol, muitas coisas estão mudando. O fato é que nos últimos anos, mesmo com o longo período de jejum da Argentina, o número de adeptos da seleção albiceleste anda crescendo assustadoramente no Brasil. Em São Paulo, é cada vez mais comum ver rapazes e moças com camisas da seleção argentina andando pelas ruas. Messi e Tevez são os preferidos.
Depois desta tentativa de explicar a minha preferência pela Argentina, finalizo este post citando o nome de uma comunidade do Orkut na qual muitos brasileiros participam: “Eu torço pra Argentina e daí?”.
Este é um comercial da cerveja Quilmes apoiando a seleção argentina. Acho essa propaganda muito bonita. E como bem comentou um mexicano, este comercial representa todas as pessoas que vivem de trabalho honrado e digno. A cerveja, o produto anunciado, passa a ser apenas um detalhe insignificante.
“Cancion para carito”, escrita pelo músico, compositor e intérprete popular argentino Leon Gieco e interpretada de forma fenomenal pela grande cantora argentina Haydée Mercedes Sosa, “La Negra”. Emocionante.
Eu torço para Brasil, mas minha segunda seleção é a Argentina. Gosto muito do futebol argentino.
ResponderExcluirConcordo que o futebol argentino está em decadência. A seleção argentina não fez uma boa Copa América. Parabéns ao Uruguai.
ResponderExcluirQuero só ver como o Brasil vai se sair hoje com o Paraguai.
O Brasil também já era...
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