sábado, 11 de fevereiro de 2012

Adeus, companheira!

JULIE


Por Amanda Borba


Este post será totalmente diferente dos textos que costumo escrever para o blog. Senti a necessidade de falar sobre isso. Há uma semana perdi uma grande companheira: minha cachorrinha. Foi um dos dias mais tristes de toda a minha vida. Chorei demais.

Muita gente acha idiota chorar por cachorro. Eu nunca achei isso. Sempre ouvi relatos de crianças que adoecem ou de adultos que entram em depressão por conta da morte de um animal. Os animais merecem respeito. Quem tem um animal de estimação sabe como eles nos respeitam. Nos dão um retorno da forma mais linda e incondicional de amor, onde basta amar para ser amado.

Na infância, um dos meus sonhos era ter um animalzinho de estimação. Com seis anos, meus pais pegaram um gatinho. Lembro que o chamava de Chaves (em homenagem ao meu programa de televisão favorito). Mas como eu tinha bronquite e era alérgica a pêlo, meu pai sumiu com o gato. Eu lembro que fiquei muito triste. Minha mãe sempre conta que eu fiquei sentada no sofá, chorando baixinho e com as lágrimas escorrendo no rosto. Mas confesso que não consigo lembrar dessa cena.

Um tempo depois, tivemos uma tartaruga. Alguém falou pra minha mãe que tartaruga ajudava a curar bronquite. Ela acreditou e foi comprar uma tartaruguinha na feira na intenção de me curar. O jabuti era uma gracinha, sempre se escondia quando eu e minha irmã pegávamos nela. Porém, quando a minha mãe aparecia ela saía do casco e abria a boquinha querendo comer alface e banana. Entretanto, a tartaruga durou pouco tempo com a gente. Minha irmã, que tinha seis anos na época, encontrou a tartaruga com sangue e cheia de formiga (já estava morta). Na sua inocência infantil, mergulhou a tartaruga num balde de água, pensando que assim limparia a tartaruga. O problema é que no balde, além de água, tinha cândida. Não chorei pela tartaruga, fiquei chateada, mas minha irmã ficou arrasada.

Passou-se cinco anos e eu estava curada da bronquite, havia mudado de escola e iria mudar de residência novamente. No dia 28 de fevereiro de 1999, minha irmã chegou em casa com um filhotinho de cachorro, com três semanas de vida, sem dentes e mal conseguia ficar de pé. Ela havia feito um apelo emocional à minha mãe que acabou permitindo a presença de um cachorrinho. Meu pai não queria ter animais em casa. Dizia que "cachorro dava muito trabalho". Minha mãe ficou com dúvidas no início, mas gostou da ideia e até escolheu o nome da filhotinha. Se chamaria Julie.

Eu tinha 12 anos de idade e minha irmã 11 anos. O tempo passou e a Julie foi crescendo, assim como seus dentinhos. Destruía tudo o que via pela frente e comia tudo também. Cavava a terra de vasos de planta e devorava sapatos. Era um terremoto!

Os passeios na rua eram animadíssimos! Praticamente nos carregava com a coleira. Certa vez, me enrolou com a corrente e me derrubou. Ainda bem que não tinha ninguém na rua... rsrsrs

Ela adorava brincar de esconde-esconde com a minha irmã. Com as patinhas abria todas as portas. Quando a minha mãe voltava pra casa, minha nossa! A alegria não cabia no peito daquela cadelinha! Saía correndo, pulava no sofá e se esparramava na cama (mesmo quando a gente brigava com ela por causa disso). Ela também gostava de acompanhar meu pai nas refeições. Esperta que só, sabia que ele sempre iria compartilhar algo com ela.

Segundo minha família, eu acostumei mal a Julie (também conhecida carinhosa como Juju, Bubu, Julinha e Nenê). Nunca deixei ela dormir no quintal e por isso deitava no sofá e na cama (na foto ela estava deitada em cima da cama... rsrsrs). Também lhe apresentei pela primeira vez o pão. Adorava comer um pãozinho de manhã... rsrsrs

Mas a partir dos oito anos de idade, Julie começou a apresentar problemas de saúde. Teve piometra (infecção no útero), ataque alérgico e no ano passado curou-se de uma doença hepática. Infelizmente, na sua última semana de vida desenvolveu rapidademente a leptospirose. À meia-noite e meia do dia 03 de fevereiro (quatro dias antes de seu aniversário, 07 de fevereiro) ela faleceu. Vendo-a em sua agonia foi chocante demais. Me senti impotente e inútil. Só em lembrar dos olhinhos dela pedindo socorro começo a chorar. Eu e minha irmã choramos muito. Minha mãe ficou calada e extremamente triste. Até meu pai, que nunca vi chorar, ficou muito sentido.

Mas é isso. A nossa Juju faz muita falta. Muita mesmo. Quando chega a velhice, todos da família já esperam pela morte do animal de estimação. Julie iria completar 13 anos, ou seja, metade da minha vida passei ao seu lado. Por isso a dor é muito grande. Mas o que nos entristece mais é saber que ela não fará parte da história de nossa casa própria.


Depois desta experiência não penso em ter outro animal de estimação. Sei lá, a gente cria um amor tão grande, mas o sofrimento com sua morte é igualmente gigantesco. 

Confesso que depois de sua morte passei a ter mais contato com a visão espírita a respeito dos animais. Isso me confortou demais.

Enfim, deixo abaixo dois videos com duas músicas que me lembram ela. E mais uma vez obrigada por tudo, Julie! Adeus, amigona!



"Eu cheguei em frente ao portão. Meu cachorro me sorriu latindo."



"July! July! July! Oh me, oh me, oh me, oh my". Era esse trecho da canção do Billy Paul que meu vizinho sempre cantava quando via a Julie.