Os Piratas da Liga
Por Amanda Borba
Olá queridos leitores deste humilde blog. A seção “Amanda comenta” está de volta.
A semana passada foi um pouco agitada e não tive tempo de escrever um texto para o Psicoisinhas. Mas como diria a música de Charlie Brown Jr., “tamo aí na atividade”.
Para coroar esta volta resolvi escrever sobre um clube alemão muito interessante e desconhecido para a maioria dos brasileiros. Trata-se do FC Sankt Pauli von 1910.
A primeira vez que ouvi falar sobre este clube foi em uma revista. Não me lembro qual. Mas, recordo que a matéria falava sobre o fato do clube se chamar St. Pauli (São Paulo, em português), ter uma de suas camisas semelhantes ao uniforme principal do Tricolor Paulista e seu presidente ser um homossexual abertamente assumido.
A matéria era pequena, mas, bastante insinuante no sentido de querer usar essas informações do clube alemão para irritar os são paulinos. Alguns podem ter se irritado, o que acho uma bobagem. Eu, como são paulina, nem liguei, achei um pouco ridículo, sim, mas já desencanei dessa história de “bambi”. Inclusive até brinco com isso.
A partir disso, adquiri uma curiosidade pelo St. Pauli e fui pesquisar um pouco sobre a sua história. E, então, eu descobri como este time alemão é fascinante.
Percebi também que a matéria que queria ridicularizar o clube alemão e o clube paulista havia sido escrita por um idiota que não estava nem aí para o que o St. Pauli representa fora dos limites futebolísticos na Alemanha, na Europa e, porque não, no mundo.
O St. Pauli é um dos poucos clubes que joga com a cor marrom. E realmente a camisa branca lembra muito o uniforme do glorioso São Paulo Futebol Clube. |
O clube surgiu em 1899 como um grupo informal de entusiastas do futebol dentro da cidade de Hamburgo. Este grupo não jogou seu primeiro jogo até 1907. O clube só foi fundado oficialmente em 15 de maio de 1910. Porém, sua história não é gloriosa no sentido de conquistas, inclusive, é repleta de ascensos e descensos.
Desde sua fundação, em 1910, o clube está abrigado no bairro St. Pauli, em Hamburgo. Nesse bairro está localizada a Rua Reeperbahn, uma espécie de "rua da luz vermelha" de Hamburgo, onde existem sexshops, bordéis, clubes de striptease, prostitutas e um museu do sexo. Entre cais e bairros de trabalhadores e imigrantes pobres está o estádio Millerntor, a casa dos “Piratas da Liga”.
O St. Pauli é disparado o clube de futebol mais alternativo, rock and roll e de esquerda da Europa. Aliás, talvez do mundo. A partir da década de 1980, St. Pauli iniciou a transição de um clube tradicional para um clube "cult".
Os Piratas da Liga |
De maneira espontânea surgiram ideais anarquistas, comunistas e socialistas inclinando ao clube o ambiente característico dos seus partidos. Tanto que hoje é comum ver bandeiras com o rosto de Che Guevara e faixas anarcossindicalistas erguidas por todo o estádio. Com o tempo, os torcedores adotaram a caveira e os ossos cruzados (símbolo dos piratas) como seu próprio emblema oficial.
Outro fato histórico importante é que o St. Pauli se tornou a primeira equipe na Alemanha e na Europa a banir oficialmente todos os símbolos fascistas e atividades nacionalistas, e isso tudo num momento em que o fascismo inspirava o vandalismo no futebol.
A maioria dos piratas se vê como antirracista, antifascista e antissexista e isso às vezes trouxe conflito com neonazistas e hooligans. A associação tem uma postura aberta contra o racismo, o fascismo, o sexismo e a homofobia e incorporou essa posição em seus estatutos.
Outra característica é que a torcida do St. Pauli é uma mistura incomum de punks, roqueiros tatuados, anarquistas, trabalhadores industriais, além de ter o maior número de torcedoras do que qualquer outro clube na Alemanha. A participação feminina é grande.
Politicamente engajado, nos anos 80, o time participou de um torneio em Cuba para mostrar solidariedade ao país e o seu goleiro na época, Volker Ippig, apoiou a Revolução Sandinista na Nicarágua.
Como dito anteriormente, St. Pauli e o rock são uma mistura que deu certo. Em dias de jogos, a torcida leva ao estádio guitarras e amplificadores para tocar clássicos do rock. Inclusive, o time entra em campo ao som de “Hells Bells”, do AC/DC, uma das canções adotadas por sua fanática torcida. Quando o time marca um gol o que se ouve no estádio é a canção “Song 2” do Blur. Uma loucura!
Esses são os “caras de marrom”. A canção chama-se “Song 2” e é da banda inglesa de rock alternativo Blur.
Até pouco tempo atrás, o presidente do clube era Corny Littman, um homem assumidamente homossexual. Bom, o fato é que alguns anos atrás, torcedores de outro time entoaram cantos homofóbicos contra Littman. E a torcida do St. Pauli não deixou por menos e revidou: quando o time fez o jogo de volta em seu próprio estádio, as arquibancadas estavam totalmente cobertas por "bandeiras arco-íris", símbolo do movimento LGBT ou LGBTTTs.
Enfim, na última temporada, o St. Pauli disputou a primeira divisão da Bundesliga (o campeonato alemão). Infelizmente foi muito mal e a próxima temporada será na segunda divisão.
Para finalizar, quero dizer que nunca me considerei uma pessoa alternativa ou “cult” e muito menos uma roqueira doidona. Mas não tem como não admirar a história da torcida mais punk deste mundo. Achei um máximo!
Este é um vídeo em homenagem ao Sankt Pauli, ao som de “Hell’s Bells” da banda australiana AC/DC.
Falou tudo, esse time é o máximo. A passagem "O St. Pauli é disparado o clube de futebol mais alternativo, rock and roll e de esquerda da Europa. Aliás, talvez do mundo" é exatíssima.
ResponderExcluirAss: Tiago, o jumento que nao consegue se logar para fazer um comentario. anta
Huahauhauhauhauhauahauhauahuahauh Esse comentário do Tiago foi o pior hauhauhauahuahauhauhau Eu gostei bastante desse post da Amanda... eu nunca nem tinha ouvido falar sobre nada isso rsrsrsr
ResponderExcluirDa hora! Também nunca tinha ouvido falar deste time.
ResponderExcluirConcordo com Tiago, ele é uma anta!KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Muito bom o post.
ResponderExcluirEduardo Siqueira