segunda-feira, 20 de junho de 2011

Amanda comenta

Os Piratas da Liga

Por Amanda Borba


Olá queridos leitores deste humilde blog. A seção “Amanda comenta” está de volta.

A semana passada foi um pouco agitada e não tive tempo de escrever um texto para o Psicoisinhas. Mas como diria a música de Charlie Brown Jr., “tamo aí na atividade”.

Para coroar esta volta resolvi escrever sobre um clube alemão muito interessante e desconhecido para a maioria dos brasileiros. Trata-se do FC Sankt Pauli von 1910.


A primeira vez que ouvi falar sobre este clube foi em uma revista. Não me lembro qual. Mas, recordo que a matéria falava sobre o fato do clube se chamar St. Pauli (São Paulo, em português), ter uma de suas camisas semelhantes ao uniforme principal do Tricolor Paulista e seu presidente ser um homossexual abertamente assumido. 

A matéria era pequena, mas, bastante insinuante no sentido de querer usar essas informações do clube alemão para irritar os são paulinos. Alguns podem ter se irritado, o que acho uma bobagem. Eu, como são paulina, nem liguei, achei um pouco ridículo, sim, mas já desencanei dessa história de “bambi”. Inclusive até brinco com isso.

A partir disso, adquiri uma curiosidade pelo St. Pauli e fui pesquisar um pouco sobre a sua história. E, então,  eu descobri como este time alemão é fascinante.

Percebi também que a matéria que queria ridicularizar o clube alemão e o clube paulista havia sido escrita por um idiota que não estava nem aí para o que o St. Pauli representa fora dos limites futebolísticos na Alemanha, na Europa e, porque não, no mundo.

O St. Pauli é um dos poucos clubes que joga com a cor marrom. E realmente a camisa branca lembra muito o uniforme do glorioso São Paulo Futebol Clube.
 
O clube surgiu em 1899 como um grupo informal de entusiastas do futebol dentro da cidade de Hamburgo. Este grupo não jogou seu primeiro jogo até 1907. O clube só foi fundado oficialmente em 15 de maio de 1910. Porém, sua história não é gloriosa no sentido de conquistas, inclusive, é repleta de ascensos e descensos.

Desde sua fundação, em 1910, o clube está abrigado no bairro St. Pauli, em Hamburgo. Nesse bairro está localizada a Rua Reeperbahn, uma espécie de "rua da luz vermelha" de Hamburgo, onde existem sexshops, bordéis, clubes de striptease, prostitutas e um museu do sexo. Entre cais e bairros de trabalhadores e imigrantes pobres está o estádio Millerntor, a casa dos “Piratas da Liga”.

O St. Pauli é disparado o clube de futebol mais alternativo, rock and roll e de esquerda da Europa. Aliás, talvez do mundo. A partir da década de 1980, St. Pauli iniciou a transição de um clube tradicional para um clube "cult". 

Os Piratas da Liga
De maneira espontânea surgiram ideais anarquistas, comunistas e socialistas inclinando ao clube o ambiente característico dos seus partidos. Tanto que hoje é comum ver bandeiras com o rosto de Che Guevara e faixas anarcossindicalistas erguidas por todo o estádio. Com o tempo, os torcedores adotaram a caveira e os ossos cruzados (símbolo dos piratas) como seu próprio emblema oficial.

Outro fato histórico importante é que o St. Pauli se tornou a primeira equipe na Alemanha e na Europa a banir oficialmente todos os símbolos fascistas e atividades nacionalistas, e isso tudo num momento em que o fascismo inspirava o vandalismo no futebol.

A maioria dos piratas se vê como antirracista, antifascista e antissexista e isso às vezes trouxe conflito com neonazistas e hooligans. A associação tem uma postura aberta contra o racismo, o fascismo, o sexismo e a homofobia e incorporou essa posição em seus estatutos.

Outra característica é que a torcida do St. Pauli é uma mistura incomum de punks, roqueiros tatuados, anarquistas, trabalhadores industriais, além de ter o maior número de torcedoras do que qualquer outro clube na Alemanha. A participação feminina é grande.

Politicamente engajado, nos anos 80, o time participou de um torneio em Cuba para mostrar solidariedade ao país e o seu goleiro na época, Volker Ippig, apoiou a Revolução Sandinista na Nicarágua.

Como dito anteriormente, St. Pauli e o rock são uma mistura que deu certo. Em dias de jogos, a torcida leva ao estádio guitarras e amplificadores para tocar clássicos do rock. Inclusive, o time entra em campo ao som de “Hells Bells”, do AC/DC, uma das canções adotadas por sua fanática torcida. Quando o time marca um gol o que se ouve no estádio é a canção “Song 2” do Blur. Uma loucura!


Esses são os “caras de marrom”. A canção chama-se “Song 2” e é da banda inglesa de rock alternativo Blur.

Até pouco tempo atrás, o presidente do clube era Corny Littman, um homem assumidamente homossexual. Bom, o fato é que alguns anos atrás, torcedores de outro time entoaram cantos homofóbicos contra Littman. E a torcida do St. Pauli não deixou por menos e revidou: quando o time fez o jogo de volta em seu próprio estádio, as arquibancadas estavam totalmente cobertas por "bandeiras arco-íris", símbolo do movimento LGBT ou LGBTTTs.

Enfim, na última temporada, o St. Pauli disputou a primeira divisão da Bundesliga (o campeonato alemão). Infelizmente foi muito mal e a próxima temporada será na segunda divisão.

Para finalizar, quero dizer que nunca me considerei uma pessoa alternativa ou “cult” e muito menos uma roqueira doidona. Mas não tem como não admirar a história da torcida mais punk deste mundo. Achei um máximo!




Este é um vídeo em homenagem ao Sankt Pauli, ao som de “Hell’s Bells” da banda australiana AC/DC.


    



 

4 comentários:

  1. Falou tudo, esse time é o máximo. A passagem "O St. Pauli é disparado o clube de futebol mais alternativo, rock and roll e de esquerda da Europa. Aliás, talvez do mundo" é exatíssima.

    Ass: Tiago, o jumento que nao consegue se logar para fazer um comentario. anta

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  2. Huahauhauhauhauhauahauhauahuahauh Esse comentário do Tiago foi o pior hauhauhauahuahauhauhau Eu gostei bastante desse post da Amanda... eu nunca nem tinha ouvido falar sobre nada isso rsrsrsr

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  3. Da hora! Também nunca tinha ouvido falar deste time.

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  4. Concordo com Tiago, ele é uma anta!KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK Muito bom o post.

    Eduardo Siqueira

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