Adão
Primeiro homem, imagem de Deus, ser supremo em humanidade, ordem moral, natural e ontológica, a consciência, a razão, a liberdade, a responsabilidade, a autonomia, todos os privilégios do espírito (encarnado), Jesus Cristo é o novo Adão e equivaleria ao Self; homem cósmico, fonte de todas as energias psíquicas (Jung), arquétipo do pai e do ancestral. |
Adão simboliza o primeiro homem e a imagem de Deus.
Isso significa muito mais do que uma prioridade de tempo.
Adão é o primeiro na ordem da natureza, é o ponto culminante da criação terrestre, o ser supremo em humanidade.
A palavra não evoca o pitencatropo (Paleontologia - antropóide hominídeo fóssil da família dos Pitecantropídeos - ou dos Hominídeos - que viveu no Plistocénico - Plitosceno) que marcaria uma etapa na evolução ascendente de uma espécie.
Sua primazia é de ordem moral, natural e ontológica (Ontologia = pensamento filosófico e idealista que a explica a existência de Deus de modo real quando pela lógica é impossível): Adão é o mais homem dos homens.
O símbolo transporta-nos a um nível de consideração completamente diferente do da história.
Além disso, é feito à imagem de Deus.
Sob um ponto de vista simbólico, pode-se entender a expressão no sentido de que Adão é feito à imagem de Deus do mesmo modo que uma obra prima é feita à imagem do artista que a realizou.
E é esta a realidade do espírito na criação que Adão simboliza: à imagem de Deus, mas diferente de Deus.
Daí derivam as outras inovações no universo: a consciência, a razão, a liberdade, a responsabilidade, a autonomia, todos os privilégios do espírito (encarnado) e portanto, somente à imagem de Deus, mas não, idêntico a Deus.
Adão simboliza o pecado original, a perversão do espírito, o uso absurdo da liberdade, a recusa de toda dependência.
Em todas as tradições, o homem que tenta se igualar a Deus é punido com sanção fulminante.
Conforme a doutrina cristã, eis que aparece um outro Adão, Jesus Cristo, o segundo Adão na ordem cronológica, mas também ele o primeiro no sentido místico do termo, e na realidade, mais verdadeiramente primeiro que o primeiro Adão, porque ele é o mais homem dos homens numa escala superior, primeiro na ordem da natureza e na ordem da graça, ambas as ordens alcançando nele sua perfeição suprema.
Ele é ainda mais do que a aparição do espírito na criação, é a encarnação do Verbo, a própria palavra de Deus feita homem, o homem divinizado. Já não é imagem, é realidade.
O segundo Adão simboliza tudo quanto havia de positivo no primeiro, e o eleva ao divino absoluto; simboliza a antítese de tudo o que ele tinha de negativo, substituindo a certeza da morte pela da ressurreição.
As tradições judaicas, com influências iranianas e neoplatônicas, muito especularam sobre o simbolismo dos primeiros capítulos de Gênesis.
Adão siginifica homem terrestre criado por Deus com a terra (em hebraico: 'adamah: terra lavrada; terra dos homens).
Antes disso, conforme a Cabala, ele é chamado de Golem (ser artificial mítico, associado à tradição mística do judaísmo, que pode ser trazido à vida através de um processo mágico. No folclore judaico, o golem (גולם) é um ser animado que é feito de material inanimado, muitas vezes visto como um gigante de pedra. No hebraico moderno a palavra golem significa "tolo", "imbecil", ou "estúpido". O nome é uma derivação da palavra gelem (גלם), que significa "matéria-prima").
O Tamulde descreve as doze primeiras horas do primeiro dia (ou período) de Adão:
1) a terra é acumulada;
2) a argila transforma-se num Golem;
3) seus membros distendem-se;
4) a alma é lhe insuflada por Deus;
5) Adão põe-se de pé;
6) Adão dá nome aos seres vivos;
7) recebe Eva;
8) Adão e Eva procriam-se: de dois, tornam-se quatro;
9) proibição sofrida por Adão;
10) desobediência do casal;
11) sentença proferida contra eles;
12) expulsão do Paraíso.
Cada hora corresponde a uma fase simbólica da existência.
Segundo a Agadá (textos do Tamulde de natureza homilética, exegética, ética e histórica), a mulher criada simultaneamente com Adão teria sido Lilit. Ambos não se entenderam e Caim e Abel teriam disputado a posse da mulher. Então, Deus reduziu a pó o primeiro homem e a primeira mulher. Depois, recria em primeiro lugar o homem e o homem subdivide-se em macho e fêmea.
Adão é igualmente o símbolo do primeiro homem e das origens humanas, conforme outras tradições.
Para grande época histórica há um homem primordial que desempenha o papel de um novo Adão.
Na análise de Jung, Adão simboliza o homem cósmico, fonte de todas as energias psíquicas.
Mais frequentemente, visto sob a forma do velho sábio, corresponde ao arquétipo do pai e do ancestral: é a imagem do ancião, de insondável sabedoria, proveniente de uma longa e dolorosa experiência.
Pode, eventualmente, tomar nos sonhos a figura de um profeta, de um papa, de um sábio, de um filósofo, de um patriarca, de um peregrino.
A aparição do velho sábio simboliza a necessidade de integrar à terra a sabedoria tradicional ou de atualizar uma sabedoria latente.
O segundo Adão, cuja cruz se ergue sobre o túmulo do primeiro Adão, simbolizaria o surgimento de uma nova humanidade sobre as cinzas da antiga.
O segundo Adão, o Cristo, simbolizaria o self, ou a perfeita realização de todas as virtualidades do homem. Contudo, esse símbolo de um Adão heroi-crucificado-ressuscitado-salvador age como uma carga energética, imanente (conceito religioso e metafísico que defende a existência de um ser supremo e divino - ou força - dentro de um mundo físico), que incita a uma transfiguração interior.
É possível ver, nessas três fases, os símbolos da progressão do homem no caminho da individuação:
1) a indistinção numa coletividade;
2) a separação do ego que se afirma em sua personalidade virtual;
3) a realização dessa personalidade pela integração de todas as suas forças numa unidade sintética e dinâmica.
Fontes:
CHEVALIER, Jean & GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009. p. 11-14.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Golem
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